Crise hipertensiva: tire suas principais dúvidas sobre o assunto

crise hipertensiva
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A hipertensão é uma doença perigosa. Entre os idosos, atinge mais de 60%, além de estar direta e indiretamente relacionada à cerca de metade das mortes por doenças cardiovasculares. Os dados, revelados pela Sociedade de Cardiologia de São Paulo (Socesp), também servem como um alerta para outra condição: a crise hipertensiva.

Essa é uma condição que pode atingir uma parcela ainda maior da população se comparada à hipertensão sistémica. Um dos seus fatores de risco é a pressão alta, mas a crise hipertensiva atinge pessoas de qualquer idade e até quem nunca teve esse problema na vida.

As complicações geradas são o que realmente preocupam sobre a condição, e o diagnóstico deve acontecer da forma mais rápida possível para garantir a diminuição da pressão e todas as medidas necessárias.

Aproveite para entender melhor sobre o assunto a seguir. Vamos explicar o que é, como identificar uma crise hipertensiva e muito mais. Confira e tire suas dúvidas!

O que é crise hipertensiva?

A crise hipertensiva é caracterizada pela elevação severa da pressão arterial acima de 180 mmHg (na pressão sistólica) e/ou 120 mmHg ( na diastólica), números que podem comprometer os vasos sanguíneos em pouco tempo.

Uma crise hipertensiva pode decorrer de uma série de fatores, como esquecimento da medicação, ataque cardíaco, falência do rim, ruptura de uma artéria e eclampsia (episódios repetitivos de convulsões que acontecem durante a gestação).

A condição está dividida em duas categorias: urgência hipertensiva e emergência hipertensiva.

Urgência hipertensiva

A urgência hipertensiva ocorre quando há um aumento na pressão arterial para números acima de 180/120 mmHg, mas a pessoa não sente sintomas graves e não passa por qualquer dano a um órgão. No geral, a urgência hipertensiva é conhecida como o tipo de crise que não tem risco de morte ou lesões severas de imediato.

Os sintomas mais comuns são:

  • dor de cabeça leve;
  • sensação de peso na nuca;
  • cansaço.

Pessoas hipertensas que não controlam a pressão e apresentam valores muito elevados conseguem se adaptar melhor a picos hipertensivos sem relatar queixas, o que pode agravar as consequências do problema.

No geral, pessoas que passam por uma urgência hipertensiva não precisam ser hospitalizadas e podem fazer o controle da pressão com medicamentos via oral. Para o médico, o mais importante é entender que a hipertensão do paciente está mal controlada e que ele deve seguir um acompanhamento médico para evitar novas crises.

Embora não haja risco imediato de morte ou lesão grave para as pessoas que passam pela urgência hipertensiva, as subidas de pressão aceleram lesões no organismo.

Uma pessoa com a pressão um pouco acima do nível normal pode demorar anos para ter alguma doença cardíaca, enquanto as pessoas com crises repetidas podem desenvolver lesões perceptíveis em um tempo muito menor.

Emergência hipertensiva

A emergência hipertensiva é um aumento tão severo da pressão arterial que pode provocar danos a algum órgão e o diagnóstico deve ocorrer imediatamente. Nesse caso, a pressão arterial é reduzida só após os cuidados em uma unidade de saúde.

Os danos que estão associados à emergência hipertensiva incluem:

  • acidente vascular cerebral (interrupção do fluxo sanguíneo dentro do cérebro);
  • insuficiência cardíaca;
  • dor no peito;
  • aneurisma;
  • ataque cardíaco.

Casos de emergência hipertensiva são mais raros do que os de urgência hipertensiva. Quando ocorrem, geralmente é porque uma pessoa tem hipertensão sistêmica e não faz tratamento, quando não toma os medicamentos de pressão alta ou acaba tomando uma medicação que aumenta exacerbadamente a pressão.

Resumindo, emergência hipertensiva é a crise que aparece acompanhada de outro problema agudo que está relacionada ao pico de pressão. Já a urgência hipertensiva é o aumento súbito da pressão arterial que, a princípio, não vem acompanhado de uma lesão.

Quais são os sintomas comuns de uma crise hipertensiva?

Se você ou alguém ao seu redor passar por um aumento severo na pressão arterial, a recomendação é buscar imediatamente um atendimento médico. Também fique de olho nos seguintes sintomas que caracterizam uma crise hipertensiva.

  • tontura;
  • visão embaçada;
  • dor de cabeça;
  • dor no peito;
  • dificuldade de respiração;
  • convulsão.

No caso de quem tem o monitor de pressão em casa, pode confirmar o aumento da pressão arterial na hora e, em seguida, ir até uma unidade de saúde.

Quais são os fatores de risco?

Os principais fatores de risco para a crise hipertensiva são:

  • hipertensão arterial sistêmica (HAS) sem adesão ao tratamento;
  • alto consumo de sal na alimentação;
  • obesidade ou sobrepeso;
  • consumo de álcool;
  • tabagismo;
  • sedentarismo.

Quanto tempo dura uma crise hipertensiva?

O tempo da crise hipertensiva varia de acordo com a gravidade da situação e até que as medidas de saúde sejam aplicadas. Há casos graves em que uma pessoa precisa de uma internação na UTI para ter cuidados médicos e, assim, ter a pressão reduzida.

Em alguns casos, o aumento da pressão pode acometer alguns órgãos e colocar a vida de um paciente em risco. Isso acontece quando o diagnóstico do caso é de emergência hipertensiva.

Em casos menos severos, quando o diagnóstico é de urgência hipertensiva, a redução da pressão acontece em poucos dias, o que depende da adesão correta ao tratamento recomendado pelo médico e do controle rigoroso da medicação.

Como é o diagnóstico de uma crise hipertensiva?

Para o diagnóstico de uma crise hipertensiva, o médico realiza uma bateria de questões para entender melhor o histórico médico do paciente e o que levou ele até uma unidade de saúde. Em seguida, podem ser solicitados exames para confirmar o diagnóstico e avaliar o estado de saúde do paciente em detalhes.

Abaixo, conheça mais sobre as etapas do diagnóstico.

Conversa com o paciente

A investigação, então, inicia-se com algumas perguntas sobre sintomas, dores, rotina e medicamentos, incluindo os não prescritos e drogas recreativas. Saiba mais sobre elas a seguir.

Hipertensão

Quando o paciente é hipertenso, o médico deve saber como anda o ritmo de uso dos medicamentos anti-hipertensivos. A falta de aderência ao tratamento contra a pressão alta é uma das principais causas do descontrole pressórico.

Sintomas juntos da crise hipertensiva

Casos de pessoas que passam pela crise hipertensiva e sentem dor torácica e apneia merecem uma investigação mais séria. Isso porque, se a dor é desencadeada por esforço e se espalha para os membros superiores, há indicativos de infarto agudo, por exemplo.

O médico responsável pelo atendimento pode solicitar exames complementares para ter certeza do diagnóstico, porque nem sempre as doenças associadas ao aumento da pressão aparecem em suas formas mais tradicionais.

O paciente também pode ter de responder perguntas sobre sensações, como fraqueza, fala arrastada, dormências e alterações visuais. Familiares e acompanhantes podem ajudar a passar essas informações aos médicos com maior fidedignidade.

Uso de medicamentos e drogas

A crise hipertensiva causada pelo uso de drogas merece detecção precoce por meio de uma investigação clínica minuciosa, considerando a faixa etária do paciente. Os adolescentes e jovens adultos podem negar a história clínica sobre o uso de drogas ilícitas, mas quadros de depressão e agitação podem dar pistas para o médico.

Rotina do paciente

Situações de estresse do dia a dia por conta do trabalho ou questões pessoais podem provocar picos hipertensivos e manifestar nas pessoas os sintomas associados. Por isso, o médico pode fazer perguntas sobre o estresse emocional na rotina do paciente.

O ronco durante a noite é outra situação de rotina que pode contribuir para o diagnóstico de crise hipertensiva. Sim, isso mesmo. Problemas como a hipopneia obstrutiva e a síndrome de apneia estão associados à hipertensão.

Exame físico

Após a aferição da pressão arterial e da conversa com o paciente, o acompanhamento físico é uma etapa importante no diagnóstico da crise hipertensiva. Veja, a seguir, alguns pontos que podem ser avaliados com o auxílio de exames:

  • condição cardiovascular: o médico avalia a presença de sopros, como pode acontecer na dissecção aórtica, palpação dos pulsos, turgência jugular patológica ou edema, que ocorrem quando há uma insuficiência cardíaca descompensada aguda;
  • tórax: o médico procura pela diminuição dos murmúrios vesiculares, que pode acontecer em casos de insuficiência cardíaca;
  • abdome: sopro no abdome pode indicar a hipertensão;
  • sintomas neurológicos: o médico também busca déficits focais e verifica se há algum tipo de confusão mental no paciente.

Após a confirmação da crise hipertensiva e da avaliação do estado de saúde, o médico precisa verificar se o paciente pode ficar no acompanhamento ambulatorial em casa ou se ele precisa ser internado. A internação, no entanto, é só para casos de emergência hipertensiva, quando danos sérios como o AVC precisam de cuidados mais extensos.

Exames complementares

Em casos de suspeita de crise hipertensiva ou dúvidas em relação à condição de saúde do paciente, o médico pode investigar o caso mais a fundo ao realizar exames complementares, como a radiografia do tórax para verificar o nível de insuficiência cardíaca.

O médico também pode buscar justificativas para sintomas neurológicos com uma tomografia ou ressonância magnética de crânio. Assim, é possível confirmar casos de hemorragia ou AVC, por exemplo.

Quais são os tratamentos?

Em um caso de crise hipertensiva, o primeiro objetivo do tratamento é reduzir o mais rápido possível a pressão arterial do paciente, geralmente com um medicamento com administração intravenosa. Assim, é possível prevenir qualquer dano aos órgãos.

No entanto, quando há alguma lesão por conta da crise hipertensiva, o tratamento é com terapias e medicamentos específicos voltados para o órgão afetado. Veja, a seguir, mais detalhes sobre como funciona o tratamento nos dois tipos de crise: emergência hipertensiva e urgência hipertensiva.

Emergência hipertensiva

Para realizar o tratamento de emergências hipertensivas, o médico precisa considerar o diagnóstico preciso do tipo de crise hipertensiva e as características dos fármacos que serão utilizados com o paciente, como os efeitos colaterais, as contraindicações do seu uso e o tempo de ação.

São aspectos importantes para definir metas de redução da pressão arterial e a escolha terapêutica mais adequada para o paciente. O médico pode recomendar o tratamento com anti-hipertensivo nessas situações clínicas.

Além disso, a monitorização da pressão deve ser rigorosa e feita, em média, a cada 5 a 10 minutos, com medidas automáticas ou com medida invasiva intra-arterial.

Em adultos com emergência hipertensiva, pode ser recomendada a internação em uma unidade de terapia intensiva para que ocorra a monitorização contínua da pressão arterial e das lesões nos órgãos, além da administração dos agentes parenterais mais apropriados.

A diminuição da pressão é realizada na unidade de saúde, entendendo que não é necessária a sua normalização, mas a redução rápida. As metas para a redução da pressão arterial são diferentes, de acordo com o tipo de emergência hipertensiva de cada paciente.

Emergências com lesões cardiovasculares precisam ser corrigidas com rapidez, principalmente a dissecção de aorta, região em que a normalização da pressão arterial deve ser atingida o mais rápido possível. Isso acontece porque a mortalidade dessa complicação é alta e está relacionada aos níveis da pressão.

Para o controle das emergências hipertensivas, o médico faz a escolha do anti-hipertensivo de acordo com uma série de fatores.

Por exemplo, a farmacologia da medicação, os fatores fisiopatológicos que estão relacionados ao caso de hipertensão, a gravidade das lesões aos órgãos e a presença de comorbidades (quando há duas ou mais doenças relacionadas).

O nitroprussiato de sódio, dentre várias medicações, é um fármaco que pode ser indicado para boa parte das emergências hipertensivas. No entanto, dependendo das situações clínicas de cada paciente, o médico pode encontrar mais benefícios se a redução da pressão arterial for realizada com terapias mais específicas.

É importante reforçar que nenhum caso de crise hipertensiva deve ser solucionado com automedicação. A atitude mais segura é ir até uma unidade de saúde e deixar os médicos responsáveis por passar o melhor tratamento para o paciente.

Urgência hipertensiva

O tratamento para pacientes com urgências hipertensivas geralmente é feito com agentes anti-hipertensivos, que são administrados por via oral em uma unidade de saúde. A escolha do anti-hipertensivo considera que ele tenha tempo de início e duração da ação relativamente curtos.

No geral, o paciente deve ficar em observação durante algumas horas em um ambiente calmo, a fim de que ocorra a redução da pressão arterial e o controle dos sintomas. Quando as condições clínicas ficam estáveis, o paciente é liberado para a residência e deve retornar para uma consulta médica dentro de mais ou menos 72 horas.

O que fazer para evitar crise hipertensiva?

No médio e no longo prazo existem uma série de cuidados que os pacientes que passaram por uma crise hipertensiva devem colocar em prática e levar para o resto da vida. Geralmente são os mesmos cuidados recomendados para pacientes com hipertensão sistêmica.

Vale frisar que, sem o controle rigoroso do tratamento, o quadro clínico de crise hipertensiva pode sofrer uma piora e o paciente precisar voltar à unidade de saúde. Então veja, a seguir, quais são as recomendações para incluir na rotina no momento pós-crise hipertensiva.

Prática de atividades físicas

Já parou para pensar na relação entre hipertensão e atividade física? Fazer exercícios é uma poderosa maneira de prevenir e reduzir a pressão arterial. Quem passa por um episódio de crise hipertensiva e consegue se recuperar sem grandes sequelas, agora deve ficar mais atento a uma rotina que prioriza a saúde, e isso inclui atividades físicas.

Praticar algum exercício na rotina vai ajudar a regular o sistema nervoso simpático, que é responsável por movimentos automáticos do organismo humano, como o ritmo da respiração e a pressão arterial. Fazer isso regularmente promove uma diminuição da força dos batimentos cardíacos e deixa os vasos sanguíneos mais dilatados.

Colocando as atividades físicas em dia, o seu cérebro ainda libera substâncias que aumentam os níveis de endorfina, também conhecido como hormônio do prazer, o que pode ser ótimo para o humor e o bem-estar no dia a dia.

Se você ainda não tem um exercício na rotina, não precisa se preocupar. A sugestão dos médicos é construir uma periodicidade no exercício mais adaptado ao seu corpo, às suas limitações e preferências. Para garantir que você está acertando na escolha, vá em busca de um personal trainer ou médico esportivo para te ajudar.

Entre as principais modalidades que podem ajudar no controle da pressão estão o ciclismo, a caminhada, corrida e natação.

Evite o sal nas refeições

Sal é o componente que está diretamente associado ao aumento da pressão sistólica e diastólica nas artérias. Por isso, em excesso, ele contribui para o surgimento da hipertensão arterial.

Quando você ingere um alimento muito salgado, o sódio se acumula não só na corrente sanguínea, mas também nos fluidos localizados fora das células.

Como esse componente atrai as moléculas de água, o seu organismo retém muito líquido para manter o equilíbrio entre o volume hídrico no espaço extracelular e no sangue, que aumenta em quantidade.

Com mais sangue nos vasos, a pressão arterial fica maior, já que naturalmente as artérias oferecem uma resistência a essa passagem. Quando ocorre esse aumento da pressão de forma crônica, cria-se o risco para a hipertensão arterial.

Diversifique sua dieta como um todo

Os alimentos têm um papel fundamental na tarefa de manter o controle da pressão arterial, sobretudo em casos de pessoas que já passam por uma crise hipertensiva. Mudar a dieta depois de uma situação como essa pode evitar que os episódios de crise hipertensiva acabem se transformando em um caso de hipertensão sistémica.

Ok, mas o que pode e o que não pode na dieta para controlar a pressão? Em primeiríssimo lugar, vimos que é importante evitar o sal quando estiver no preparo das refeições. Você pode substituí-lo por outros temperos, como alho, cebola, alecrim, orégano, manjericão e salsa.

Também é interessante evitar o consumo de alimentos industrializados, ricos em sal e sódio, e apostar nos alimentos mais naturais. Uma alimentação rica em legumes, frutas, castanhas e nozes possuem pouca gordura e podem tornar sua alimentação mais saudável.

Evitar álcool e cigarro

Os fatores de risco principais do descontrole da pressão arterial são aqueles que agravam danos cardiovasculares. Entre eles, está o consumo de álcool e cigarro.

O tabagismo é capaz de aumentar a frequência cardíaca, além de estimular a contração das artérias e ainda causar graves irregularidades no batimento cardíaco de uma pessoa, o que aumenta o trabalho do coração.

Outra consequência do consumo de cigarro, que está relacionado aos efeitos que explicamos acima, é o aumento da pressão arterial.

Embora a nicotina seja o principal componente do cigarro, outros dos seus produtos químicos são prejudiciais à saúde, como a carcinogênica e a nicotina. Esses e outros componentes do cigarro geram o acúmulo das placas de gordura nas artérias e, consequentemente, danificam as paredes dos vasos sanguíneos.

Monitoramento da pressão arterial

Os aparelhos mais indicados para fazer o acompanhamento da pressão são os esfignomanômetros. Os modelos digitais são os preferidos por conta da facilidade, já que eles só demandam que a pessoa aperte alguns botões para fazer a aferição de maneira automática.

A medição em casa é uma excelente estratégia para o controle da pressão arterial, principalmente no caso de alguém que já passou por uma crise hipertensiva ou está sob suspeita de hipertensão.

O equipamento revela valores fidedignos quando usado corretamente e permite que você evite novos episódios de picos na pressão arterial. O número de vezes que o paciente precisa fazer a medição depende da conversa com o médico, pois cada um tem particularidades quanto ao estado de saúde.

No geral, ao fazer a aferição, é preciso seguir algumas dicas para garantir valores reais, como estar relaxado e com a bexiga vazia, além de não fumar e beber álcool ou café logo antes do procedimento. Caso contrário, você pode acabar tendo números equivocados no equipamento.

Agora, você já sabe o que é a crise hipertensiva, como identificá-la e o que fazer em uma situação como essa. Como vimos, pacientes que passam por uma crise hipertensiva estão expostos a problemas cardiovasculares se comparados com hipertensos que não passaram. Então, caso surja algum dos sintomas, é importante procurar ajuda do médico rapidamente.

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